OS PROPÓSITOS DE DEUS

O povo de Deus, em toda a sua história, sempre esteve sujeito a crises que ameaçavam a sua sobrevivência. Por vezes a dificuldade era externa, uma conquista, um cativeiro ou uma dominação política ou cultural. Em outras ocasiões o obstáculo era interno, envolvimento com outras religiões, ou a negligência do seu dever diante de Deus ou do seu papel dentre as nações. Apesar destes perigos e falhas, Deus sempre se manifestara fiel aos seus propósitos para com o mundo, independentemente da omissão dos seus servos ou até em confronto com eles. A fidelidade de Deus, a sua graça, garantiu-lhes a sobrevivência.

Cerca de XIII séculos antes de Cristo, numa inscrição na qual Merneptah, rei do Egito(1213-1203 a. C.), relata as vitórias militares realizadas no decorrer de seu reinado, encontramos a mais antiga referência aos israelitas feita em qualquer período fora do Antigo Testamento: “Israel está desolado, não possui nenhuma semente mais.” [F.F. Bruce, Israel and the Nations. From the Exodus to the Fall of the Second Temple, p.13.] Pouco menos de quatro séculos depois, encontramos outro registro feito pelo rei Mesa de Moabe: “Israel pereceu totalmente para sempre.” [Ibid., p.14] Como nos dias de hoje os poderosos exageram se referem a sua força e eficácia do seu poder sobre os povos que dominam. Israel sobreviveu, pois Deus tinha um propósito universal a realizar através dele. (Ef 1.11)

De um lado os intentos de Deus são levados a cabo, independentemente das crises ou afirmações de poderosos. Por outro a Igreja é honrada, privilegiada, abençoada quando toma parte nos propósitos de Deus, pois já se envolve sabendo que, mesmo em meio a dificuldades e desânimo, Deus levará avante os seus planos. Assim sendo não temos nenhum motivo para nos ausentarmos dos propósitos nos quais somos instrumentos por excelência. “A igreja é o povo que Deus separou para Si em sua atividade salvadora para que mostrasse a imagem de Sua graça e Sua salvação.” [Herman Ridderbos, El Pensamiento del Apostolo Pablo, Vol. II, p.9.] 

As bênçãos dispensadas sobre o povo de Deus, como conseqüência do cumprimento de seu dever, estão diretamente relacionadas à sua compreensão e compromisso com os propósitos divinos. É sempre oportuno lembrar as palavras do salmista que diz: “O conselho do Senhor dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações”. (Sl 33,11)

Rev. Ronaldo Bandeira Henriques