Historicamente, a Páscoa foi observada pela primeira vez no Egito, quando as famílias dos hebreus foram isentadas da morte dos primogênitos, mediante o sacrifício do cordeiro pascal (Ex 12.1-13.10). O cordeiro era selecionado no décimo dia do mês de Abibe (março-abril), e morto no décimo quarto dia. Durante os sete dias subsequentes só se podia consumir pão sem fermento. Esse mês de Abibe, que mais tarde tornou-se conhecido como mês de Nisã, foi designado “o principal dos meses; será o primeiro mês do ano.” (Ex 12.2).
A segunda Páscoa foi observada no décimo quarto dia do mês de Abibe, no segundo ano depois que os hebreus saíram do Egito (Nm 9.1-5). Nenhum incircunciso podia participar da Páscoa (Ex 12.48). Os hebreus não observaram essa festividade durante o restante de sua peregrinação pelo deserto (Js 5.5,6), ou seja, quase quatro décadas.
Foi somente depois que o povo entrou em Canaã, quarenta anos após terem partido do Egito, que foi observada a terceira Páscoa. O propósito declarado da observância pascal era o de relembrar anualmente aos hebreus, qual fora a miraculosa intervenção divina em favor deles. (Ex 13.3,4; 34.18; Dt 16.1) A Páscoa assinalava a abertura do ano religioso. Durante a celebração pascal o povo hebreu não só tomava consciência de seu livramento histórico das mãos egípcias, mas igualmente reconhecia que a bênção de Deus se fazia continuamente evidente através das provisões materiais.
A Páscoa era de tal relevância para a vida espiritual do povo que, havia uma condição especial para os impedidos de participarem nas comemorações ordinárias. Excepcionalmente ela poderia ser celebrada mais tarde àqueles que conscientemente se omitiram ou encontravam-se ausentes (Nm 9.9-12). Entretanto, qualquer pessoa, dentre o povo que recusasse definitivamente participar da cerimônia pascal caia no ostracismo, ou seja, seria afastada do meio do povo (Nm 9.13).
O ritual da Páscoa passou por uma mudança com o evento de Cristo. A Páscoa era para o povo de Deus no Antigo Testamento o que a Ceia é para nós desde o Novo Testamento. A forma mudou, mas o princípio continua o mesmo. A lembrança abençoadora da obra de Jesus Cristo em favor dos seus eleitos, libertando cada um deles da condenação consequente de seus pecados, salvando-os e sustentando-os diariamente.
A Páscoa era a mais significativa de todas as festividades e observância dos hebreus. Comemorava o maior de todos os milagres que o Senhor realizou em favor deles. A Ceia tem o mesmo valor e significado para nós? Não seria hoje uma boa ocasião para refletirmos sobre isso? (1Co 11.28,29). Rev. Ronaldo Bandeira Henriques.