A GRAÇA SALVADORA DE DEUS

Esta perfeição do caráter divino só é exercida em favor dos eleitos. Nem no Velho Testamento nem no Novo jamais se menciona a graça de Deus em conexão com a humanidade em geral, e muito menos com as ordens inferiores das suas criaturas. Nisto a graça se distingue da misericórdia, pois “as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras.” (Salmos 145.9) A graça é a única fonte da qual fluem a boa vontade, o amor e a salvação de Deus para o seu povo escolhido.

A graça salvadora é o soberano e salvador favor exercido na dádiva de bênçãos a pessoas que não têm em si mérito algum, e pelas quais não se exige delas nenhuma compensação. Não apenas isso, é ainda mais; é o favor de Deus demonstrado a pessoas que, não só não possuem merecimentos próprios, mas são totalmente merecedoras do inferno. É completamente imerecida, não é procurada de modo nenhum e não é atraída por nada que exista nos objetos aos quais é dada, por nada que deles provenha, e tampouco pelos próprios objetos. A graça não pode ser comprada, nem obtida, nem conquistada pela criatura. Se pudesse deixaria de ser graça. Quando afirmamos que uma coisa é “de graça”, queremos dizer que seu recebedor não tem direitos sobre ela, que de maneira nenhuma ela lhe era devida. Chega-lhe como pura caridade e, a princípio, não solicitada nem desejada.

A mais completa exposição da graça salvadora de Deus acha-se nas epístolas do apóstolo Paulo. Em suas cartas “graça” está em direta oposição a obras e merecimentos, todas as obras e todo merecimento, de qualquer espécie ou grau. “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.” (Romanos 11.6) É tão impossível unir a graça e as obras, como o é unir um ácido a um alcalino. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2.8-9) O absoluto favor de Deus não pode harmonizar-se com o mérito humano, mais do que o óleo e a água fundirem-se num só elemento.

São três as principais características da graça divina: Primeira, é eterna. A graça foi planejada antes de ser exercida, e fez parte do propósito divino antes de ser infundida: “que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos”. (2 Timóteo 1.9) Segunda, é livre, ou gratuita, pois ninguém a pôde comprá-la jamais: “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”. (Romanos 3.24) Terceira é soberana, porque Deus exerce em favor daqueles a quem lhe apraz, e a estes a concede: “a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.” (Romanos 5.21). Se a graça “reina”, ocupa um trono, e o ocupante do trono é soberano. Daí, “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hebreus 4.16)

Diante de tão maravilhosa graça, a atitude dos eleitos de Deus que congregam na Igreja de Cristo é unicamente agradecer, agradecer ao Senhor Deus por sua divina graça. Rev. Ronaldo Bandeira Henriques.